O céu nublado agora se misturava com o crepúsculo; não era mais cinza e sem vida, era vermelho, em algumas partes era tão intenso que lembrava fogo. Um fogo vivo, majestoso, impagável.
Por mais bonito que fosse, Liah não gostava dele.Era aquele o sinal de que o momento de Noah ir embora havia chegado. Desde que começaram a se encontrar naquele parque, todos os dias, ao pôr-do-sol o garoto a deixava. A garota só perguntara uma vez o porque disso...
- Noah, você tem que ir embora mesmo?
- Sim Liah, eu devo.
- Mas...por que justo no pôr-do-sol ? Ele é tão lindo, queria vê-lo com você!
- Nós teremos todo o tempo do mundo para ver o sol nascer e se pôr um dia Liah, só precisamos esperar.Até lá, tenho que me despedir dessa maneira.
A resposta não havia sido clara, tampouco satisfatória, mas ela não queria brigas.Não queria contrariá-lo, desde que ela o visse todos os dias, por ela, tudo bem ele ir embora naquele momento.
Então ele se foi, e ela novamente se sentou no balanço, sozinha, e fitou o céu.Não era somente cinza e vermelho, também era assustadoramente negro.Sentia um pouco de frio agora, mas não era somente pela neve; ela sempre se sentia assim quando Noah ia embora. Como se ele levasse consigo o calor do corpo da menina; seu sangue; seus pensamentos; seu coração. Não existia vida sem ele por perto. Liah só se lembrava dos momentos em que estava com o garoto; o resto, era apenas um borrão indecifrável em sua memória.
Apesar disso, ela sabia bem o que aconteceria agora.
Ele apareceria.
Olhou para o céu e viu os pequenos raios que anunciavam a chegada do estranho; e rapidamente se postou de pé para recebê-lo, mas era tarde: ao abaixar a cabeça ela percebeu que ele já estava ali, a poucos metros a sua frente, a examiná-la.
O homem já lhe era familiar; usava um sobretudo preto, calças pretas, sapatos pretos, e uma cartola preta, apenas sua camisa era diferente; roxa. O mesmo roxo que aparecia no céu quando ele vinha aos fins de tarde. Ele tinha um olhar compreensível e seu rosto parecia sempre estar calmo; apesar disso, era um tanto estranho. Não era novo, mas não era velho demais. No máximo, seria seu pai.Possui-a uma barba cinzenta rala, menos no queixo.Lá ela era um pouco maior, daria para fazer tranças, pensou uma vez a menina.
Trazia sempre um bastão que, ora brincava em suas mãos, ora servia de apoio no chão.
Ao todo, um homem misterioso, pavoroso e encantador.
[...]
Após uma longa discussão consigo mesmo, o rapaz decidiu entrar no quarto.Em silêncio, caminhou até o lado esquerdo da cama onde a garota estava deitada, e a observou.Ela era como ele havia imaginado; não excepcionalmente bonita, muito menos feia, apenas bela.Mas todos aqueles canos, agulhas e aparelhos em sua volta e pele estragavam tudo.Procurou sua mão sobre a cama, mas ela estava repleta de agulhas: uma injetava soro, as outras vários tipos de remédios; calmantes, anestésicos, qualquer tipo de droga que não a fizesse sentir dor.
Haviam algumas ataduras ainda do acidente; machucados não cicatrizados pela falta de reação dela, pensou enquanto dava a volta na cama.
Ao lado direito, sua mão estava livre.Meio sem jeito, o garoto levou suas mãos junto a dela, cobrindo-a, protegendo-a.Reparou então no rosto da garota, não havia dor ali, nem tristeza.Aliás, não havia nada.Aparentemente, nem uma alma.
Foi o pensamento que o invadiu naquele momento; fria, sem sentimentos e sem vida, como uma estátua. Um recipiente vazio. Onde estaria seu conteúdo?
Ainda segurando sua mão, ele aproximou seu rosto do dela, tinha esperança de que ela reagisse a proximidade, mas nada aconteceu. Seus lábios já estavam perto de seus ouvidos, então baixo, como que sussurrando para o coração suas palavras saíram envolvidas por amor:
- Queria ver seus olhos.Queria ver a vida em você, menina.
Continua.
3 comentários:
CONTINUA CONTINUA.. esta me dando faniquito!!
Está demais querida! (:
ta muuuuuuito boa a histooriaa!!!
contiinuaa looogooo..ahahaha
coooooooontinua iiza!!
ela tem que acordar!!!
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