terça-feira, 11 de maio de 2010

O Inverno


 Havia neve no chão do parque.
Folhas secas se misturavam com o branco em baixo das árvores nos brinquedos.Não tinha ninguém ali, fora a garota.
 Estava sentada no balanço olhando distraidamente o céu nublado.Talvez inconscientemente, dava pequenos impulsos, ora com o pé esquerdo,ora com o direito. Usava um casaco preto e uma saia acompanhada de meias que iam até seu joelho e possuíam detalhes vermelhos que combinavam com o pequeno laço em sua sapatilha.Protegendo seus cabelos negros da umidade, uma boina também vermelha.A roupa, ao todo, lembrava o uniforme de algum colégio.
Aparentemente estava feliz, seus olhos castanhos tinham brilho; e seus lábios levemente rosados pareciam imunes a temperatura baixa dali. Segurava o balanço com força, apesar de não ter medo de cair.Era só para ocupar as mãos, e essas faziam um contraste bonito com as correntes de ferro.
Mesmo com a neve, a garota não sentia frio. Gostava muito daquele clima gelado, apesar de não viver nele a algumas semanas atrás.
As vezes, se lembrava de quando era criança e desejava fazer anjos no chão de neve e não podia.Mas agora havia neve ali, em todo lugar. Ela se sentia tentada a realizar esse desejo, porém isso desarrumaria sua roupa e cabelos naquele momento, e ela não podia se dar a esse luxo pois estava a esperar alguém.

[...]

A mulher agora olhava atentamente para o quarto atrás do vidro; no seus olhos cansados e em seu rosto repleto de pequenas rugas, se via uma mistura de esperança e medo.
Quase não piscava ao contemplar a garota na cama. Qualquer um diria que ela apenas dormia se não fosse os vários aparelhos ligados ao seu corpo, e o homem de avental branco que estava ao seu lado examinando-a.Estava sério, com toda certeza possuía anos de experiência.Mexia atentamente em alguns botões nos aparelhos; girava para lá e para cá outros; sentia o pulso da garota; sua respiração fraca. Claramente não estava satisfeito com as conclusões em que havia chegado.
A mulher do lado de fora ainda observava atenta, não queria perder nenhum detalhe.Ao olhar para o médico sentiu algo estranho,sentiu uma onda de desespero a invadir; sabia que as noticias não eram boas.Logo, se perdeu em pensamentos, a agonia a tomava novamente; a dor de não saber o que iria acontecer com a garota no quarto atrás do vidro.
Sem que percebesse, o médico já estava ao seu lado, a observando e desejando ter boas noticias para lhe dizer, mas não tinha.
- Então Dr. ? Como ela está? O que está acontecendo? Eu quero minha filha de volta! – e aos prantos se deixou cair na cadeira que estava ali perto, as mãos tampavam seu rosto, e ainda assim o som do choro e as lágrimas caindo eram perceptíveis.
O médico colocou a mão em seu ombro, ele também estava desconfortável com aquilo. Se sentia incapaz ao ver a garota na cama, como se todos seus anos de experiência nada valessem.

[...]

- Pontual como sempre Noah. – era a garota no balanço. Sua voz era calma e gentil, claramente feliz pela chegada do garoto.Suas palavras saiam acompanhadas de um sorriso no canto esquerdo, que a deixava ainda mais jovial e bonita.
- Não ousaria me atrasar para te encontrar Liah. – respondeu enquanto se sentava no balanço vazio ao lado da menina e envolvia seus braços nas correntes.Dava pequenos impulsos para manter-se em movimento.
- O dia está bonito, não está? Sinto dentro de mim que o inverno está acabando, é como se eu visse as flores se abrindo e o sol aparecendo novamente. Algo mais que neve.
- Receio que sim, mas não gosto disso.
Liah o fitou por alguns segundos. Ele usava a mesma roupa dos últimos dias; vestimentas inteiramente pretas, menos os botões. Eles eram pratas e, mesmo sem muita luz, reluziam como se possuíssem brilho próprio. O rosto do garoto estava voltado para baixo, e ele parara de balançar.
- Por que diz isso?
Ambos olhos negros agora se olhavam, perdidos.Um queria respostas, o outro, queria evitar ter de responde-la, mas não podia.Era sua obrigação sempre lhe contar a verdade, era seu melhor amigo.Sua única companhia.
- Quando o inverno acabar,Liah, não vai mais precisar de mim aqui.
Ainda que triste com as palavras ditas, Noah apenas sorriu.

[...]

Continua.

Iza Costa

4 comentários:

Anônimo disse...

é bonito, mas não entendi :T
está meio "vago"

Dan GloomCester disse...

Maravilhoso!
Um verdadeira peça de arte, amor! Parabens MESMO! *-*
Está muito bom, tenho certeza q vai me surpreender denovo na continuação! ;]
beeijo

@rayraduarte disse...

que legal *-*

Ally disse...

Lindo iza, vc está ficando melhor a cada texto. Já vejo uma futura escritora nos seus textos =) Te amo emuxinha do meu s2

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