segunda-feira, 12 de abril de 2010

Presença



Sempre ouvi dizer que tudo tem um começo, e esse pode ser bom ou ruim, depende da maneira como se vê.Para mim todo começo era algo ruim, todo recomeço era algo pior.Não me sentia confortável com nenhum tipo de mudança pela qual eu tivesse que passar e aquela estranha sensação de que as coisas mudariam me atormentava frequentemente, na maioria das vezes, estavam certas e isso costumava me preocupar.

As pessoas dizem que as mudanças são lentas, são em partes.Mas na minha vida, as mudanças eram tão rápidas como uma flecha: certeiras.

Em um dia eu saia com meus amigos por ai, ia jogar conversa fora, eu sorria todo o tempo, me dava bem na escola, eu era feliz.E num piscar de olhos as coisas mudavam e eu me via sozinha, como a beira de um precipicio e me sentindo tentada a pular.Aí eu olhava pro espelho e no lugar dos sorrisos uma maquiagem borrada e um olhar triste, sem vida.E assim se passavam dias,meses.

Quando eu estava me acostumando com essa vida, eu me deparava com novos amigos, uma nova fase.Vestia novamente aquele sorriso, e mostrava ele pra novos amigos, novas esperiências, lugares, pessoas e sentimentos.Até outra decepção.

Assim seguia, e sigo.

Começando e terminando ciclos, e recomeçando.

Mas, sabe, o pior disso tudo não são as mudanças, é não ter um lugar pra voltar.Porque todo começo exige um adeus, e com o tempo acaba se ficando sem um porto seguro.De tantas pessoas indo e vindo, passando, cria-se uma sensação permanente de solidão no peito.Sensação que nenhuma presença temporaria faz esvair-se.

Iza Costa



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